PRECONCEITOS/BULLYING NO OLHAR DO AUTOGERENCIAMENTO VIVENCIAL

PRECONCEITOS/BULLYING NO OLHAR DO AUTOGERENCIAMENTO VIVENCIAL

18 de agosto de 2020 Off Por Claudio Lima

A vida humana caracteriza-se por um contínuo processo de aprendizado, escolhas e de transformações pessoais e sociais. E assim, grande parte do nosso tempo é consumida por uma busca constante de soluções e saídas para os nossos desafios e conflitos psicológicos, porém, algumas vezes, inadequadas (preconceitos e bullying).

Quando criança, temos como modelo os pais, a família e assim, absorvemos preconceitos e atitudes discriminatórias influenciados por eles e depois de adulto, alguns de nós, tem dificuldades em se livrar deles e os passam para os seus filhos, dando continuidade a eles.

Esse aprisionamento a essas atitudes preconceituosas e discriminatórias ocorre, porque alguns de nós, por motivos pessoais, a utilizam para compensar insatisfações ou sofrimentos pessoais. Infelizmente, é uma compensação estruturada no sofrimento dos outros.

 Para discorrer sobre esses temas, antes de tudo, é recomendado entender o que é uma sociedade e a sua dinâmica e o papel das pessoas que a compõem.

Para a Sociologia, sociedade é um conjunto de pessoas que criam e compartilham propósitos, regras, gostos, preocupações, opiniões, valores, costumes, preconceitos, atitudes discriminatórias etc. Nada do que acontece nela é por acaso e nem se originaram dela, já que, os conceitos e as regras que existem nela, são formados “antecipadamente” por nós.

 Nesse olhar, a sua constituição compreende todos nós. Formamos a sociedade em que vivemos diretamente (atuando) ou indiretamente (omitindo-nos.). É nela que a nossa vida acontece, de acordo com a dinâmica estabelecida por ela, ou melhor dizendo, por nós, para nós. Se estamos infelizes ou decepcionados com ela, o problema é nosso e não dela, já que ela apenas representa os somatórios dos nossos desejos. Somos os gestores da sociedade em que vivemos. Nesse sentido, ela é a soma de todas as atitudes, pensamentos e comportamentos individuais. Tudo que acontece nela tem a nossa anuência prévia. Logo, não há como nos ausentarmos da responsabilidade sobre a sua criação. As nossas queixas, em relação a ela, são infundadas. Ela existe dessa ou daquela maneira porque assim desejamos. Somos todos responsáveis pela sua existência e das suas verdades. Para mudá-la, é preciso primeiramente “efetuar mudanças em nós mesmos”. Só assim seremos capazes de ser diferentes e torná-la diferente.

Nesse sentido, é a grande gestora da vida humana, pois instrui como cada pessoa deve viver e se comportar. Fornece orientação e informação criadas antecipadamente por nós, para nós.

É importante ressaltar que, de certa forma, somos todos professores, pois com nossa atuação, passamos para as futuras gerações modelos de pensamentos e ações. Infelizmente, preconceitos e atitudes discriminatórios, para adquiri-los, não precisamos vivenciá-los, só memorizá-los.

Nesse caso, falar em combater preconceitos e o bullying com punição é chover no molhado. Suas eliminações não são possíveis apenas com o combate que é dado por leis e pelas pessoas que o repudiam. Ela depende, sobretudo, da transformação de cada adulto, para que cada nova geração aprenda novos valores e conceitos. Que a geração mais velha mude seus próprios conceitos. Só a partir disso, será possível construir uma sociedade sem que haja esse tipo ou qualquer outro de preconceitos e violências.

Há pessoas que não conseguem perceber a sua importância na estrutura familiar e social. Ignoram que no seu mundo familiar, exercem influência na formação dos filhos e que elas refletem na sociedade. Brigas, rejeições, discriminações, preconceitos manifestados no seio dela, têm efeitos devastadores na formação da personalidade dos filhos. Tudo que é feito ou expresso no lar atua no desenvolvimento das crianças. Assim, ações, conceitos e preconceitos, através da convivência familiar, vão influenciar o íntimo dos jovens. A ideia do bullying e os preconceitos não nasceram espontaneamente nas mentes juvenis. Por trás dela, há algo que foi dito muitas vezes, por “um adulto” e que, mais tarde, por algum motivo, funcionou como modelo de pensamento, atitude e comportamento para alguns jovens.

Acorde! Pare de pensar que os preconceitos e o bullying são exclusividade do mundo infanto-juvenil. E mais, muitas formas de violência e preconceitos são difundidas por certos filmes, novelas ou videogames com o consentimento de todos, mas, ao serem praticadas em nosso meio, são punidas pela sociedade e rejeitados pelas pessoas. Não há nada mais paradoxal.

Outro ponto interessante! Se somos contra a violência porque desenvolvemos e fabricamos armas cada vez mais mortais e as vendemos para nós mesmos, nos matarmos!? Interessante!?

Muitas pessoas defendem que o cão é o espelho do dono. Embora o instinto agressivo seja inato, a manifestação de comportamentos agressivos dependerá do tipo de convivência que os cães têm com seus donos.

O que é preciso para que essa regra também valha para nós em nossa convivência com os filhos?

Será que as pessoas estão passando por uma miopia existencial e social?

Será que em vez de reeducarmos as crianças e os jovens não seria melhor reeducar a nós mesmos, adultos, portadores de tantas sabedorias? Julgamos e corrigimos os outros, mas esquecemos de julgar e corrigir a nós mesmos. Ensinamos aos outros, mas esquecemos de nos ensinar o que ensinamos. Ser coerente é fundamental.

Não ignore! É tendo como modelo o que o adulto faz ou pensa, que cada criança poderá valorizar ou não a força do amor, a fraternidade, o respeito e suas diferenças no relacionamento com o outro, na construção de si e do mundo em que vive.

É importante não ignorar que a sociedade representa os ideais de todos nós; logo, ela também é gestora de preconceitos e bullying, apesar de criar leis antipreconceitos e antibullying.

Quanta falsidade!

Se o desejo nosso é formar crianças amáveis, educadas e responsáveis, temos que além de passar para elas toda uma filosofia de vida, incluir também nossos próprios pensamentos e comportamentos como exemplos. Não é simplesmente vigiando ou punindo os jovens que vamos erradicar os preconceitos e o bullying, mas nos reeducando para poder educá-los com responsabilidade. Deixemos de ser falsos filósofos, falsos pensadores, falsos intelectuais, falsos cientistas, falsos religiosos, falsos educadores, falsos cidadãos, falsos terapeutas etc.

Agem com arrogância os que ensinam e cobram o que não praticam.

Para refletir: Não é somente fazendo uso da punição, do castigo e do rigor, que iremos resolver a questão da violência em nossa sociedade. Sem a nossa participação integral nada será possível.  

“Tudo é considerado impossível até acontecer”. Nelson Mandela

Autor: Cláudio de Oliveira Lima – Psicólogo – Idealizador e Especialista do Autogerenciamento Vivencial (AGV) e desenvolvedor de uma Psicologia com uma visão Quântica.