PROCESSO EDUCACIONAL NO OLHAR DO AUTOGERENCIAMENTO VIVENCIAL

PROCESSO EDUCACIONAL NO OLHAR DO AUTOGERENCIAMENTO VIVENCIAL

25 de agosto de 2020 Off Por Claudio Lima

É importantíssimo ampliar a nossa visão sobre o processo educacional, que não deve atuar “apenas” no âmbito da cognição, ou seja, restrito a transmissão de informação e sua avaliação.

Ele precisa ser olhado com maior amplitude, ou seja, considerar do educando, também, o seu aspecto psicológico, porque embutido nele estão necessidades, carências, conflitos psicológicos que perturbam o seu aprendizado. Logo, faz-se necessário um reexame mais apurado sobre a nossa maneira de educar, já que o modelo aplicado até agora, não atende às necessidades e carências da maioria da nossa população. 

Precisamos de um processo educacional que não vise somente à transmissão de hábitos, costumes, valores e conhecimentos cognitivos, com o objetivo de formar bons cidadãos, mas também, que se preocupe com o mundo psicológico dos estudantes. Que não se prende, apenas, na avaliação cognitiva do estudante, mas também, no entendimento do seu mundo psicológico.

Esquecem eles, que o mundo cognitivo, da informação, não tem o poder de suprir as necessidades, carências e conflitos psicológicos que afligem muitos estudantes e que interferem no seu aprendizado.

Esse contexto psicológico desfavorável impede que se alcance os resultados pretendidos pelo nosso sistema educacional, apesar da qualidade do ensino.

Vamos, então, iniciar uma análise do nosso processo educacional, observando nele duas vertentes. A primeira vertente que o norteia, com mais evidência, tem sentido puramente cognitivo, ou seja, o de transmitir informações. A segunda, menos atuante, será chamada de psicológica. Esta destaca o conhecimento que se deve ter das características e das necessidades, carência e conflitos psicológicos de cada aprendiz.

A cognitiva se concentra no desenvolvimento intelectual. Necessita que o aluno se disponha a aprender, a memorizar os conteúdos preestabelecidos que são ensinados. Trata todos como fossem iguais, não considera as características peculiares de cada aluno, tampouco conhece as suas necessidades, carências e conflitos psicológicos. Tem o seu início e se desenvolve em instituições destinadas ao ensino, onde os conhecimentos cognitivos estruturados e preestabelecidos são transferidos a todos, por meio de aulas, de forma homogênea, com o objetivo de criar os mesmos arquivos de conhecimentos, instigando os alunos a desenvolverem raciocínios espelhos, a pensarem de forma iguais sobre diferentes temas. Os que não correspondem, são vistos como portadores de algum tipo de limitação sejam psicológicas ou principalmente cognitivas, de inteligência. Deveras preocupante!?

Já a vertente psicológica visa à personalidade do aluno. Preocupa-se com a sua integridade física e psicológica. Não há como negar a sua importância e interferência no processo de aprendizado como um todo.

Nesse olhar, as carências, necessidades e conflitos psicológicos dos alunos não são e não podem ser ignoradas, nem ficar sem solução, uma vez que eles têm grande peso na dinâmica do seu aprendizado.

Dar condições para que eles sejam capazes de sobrepor os seus limites e as suas dificuldades.

Ela considera importante o desenvolvimento da autoestima, da autoconfiança, da autorreflexão e da autoaceitação, da maturidade intrapessoal.

Para alcançar tal objetivo, é preciso conhecer, compreender e estimular cada aluno a superar os seus obstáculos, ou seja, a mudar a percepção sobre si mesmo e sobre a realidade em que vive, apesar das dificuldades vividas.

Infelizmente, a nossa sociedade prioriza a massificação da informação, colocando todas as suas fichas na EDUCAÇÃO COGNITIVA. Assim, essa concepção é vista como a solução ideal para todos os males do sistema educacional e social, porém, o seu grande defeito é que ignora a individualidade de cada aluno em relação ao mundo social e psicológico em que vive.

Dependo do mundo em que vive, acabará embotando a sua capacidade de pensar, de refletir, de analisar, de memorizar, de aprender as informações ensinadas. Representa um grande prejuízo para o estudante e para a própria sociedade.

É simplório acreditar que a informação é capaz de tudo, e a metodologia educacional que dela se sustenta, é eficiente. Não há como educar alguém sem a sua participação integral. Não há como ignorar que quem dá qualidade ao seu aprendizado é o próprio aluno. A informação só dá subsídios ao aprendizado.

Embora, algumas pesquisas, ditas científicas, comprovem que os alunos de escolas consideradas melhores apresentam um nível de conhecimento e de memorização mais elevado; isso, entretanto, não reflete toda a verdade.

Vejamos! Ao elaborar uma pesquisa, o pesquisador busca a comprovação de uma hipótese por intermédio de levantamento de dados, obtidos com questionário ou uma prova.

O questionário ou a prova tem como objetivos o de aferir o que o aluno memorizou ou aprendeu das informações que recebeu.                     

São estruturados no pressuposto de que os alunos interessados terão melhor desempenho.  É uma verdade, porém, essa constatação, não levou em conta, o contexto social, familiar e psicológico desses alunos. Ignorou que o estado psicológico do aluno, também influencia no resultado, por exercer grande influência na sua performance.

Assim sendo, os alunos, sejam de escola privada ou escola pública, não vivem a mesma realidade. Há aqueles que têm pais extremamente preocupados com a sua formação e com recursos para oferecer o de melhor para eles; há os que vivem em famílias que pelo estilo de vida não valorizam tanto os estudos, por isso não recebem os incentivos adequados capazes de motivá-los em sua tarefa de aprender; há aqueles que precisam trabalhar para ajudar em casa com algum dinheiro, etc. Se todos esses e outros fatores forem levados em consideração, verificaremos que a análise feita não está completa. Ignorou as causas da falta de interesse dos demais alunos.

Daí a importância de priorizar a realidade em que cada aluno está inserido, elemento, sem dúvida, que traça limites em sua visão de mundo.

A educação não é tarefa só de alguns, mas de todos. A eficiência dela depende da eficiência de todos os setores de nossa sociedade. Não é possível uma educação de qualidade, isolando-a do nosso contexto pessoal, familiar, social e político. Assim os resultados alcançados por ela serão sempre parciais, pontuais, nunca terão a amplitude desejada.

Uma pedra bruta de rubi precisa ser lapidada como um todo, para poder refletir toda a sua luz interior.

Para refletir: Será que a ascensão pessoal, profissional ou social só depende do esforço individual (Meritocracia)?

Para o AGV, a meritocracia só é válida quando parte de uma igualdade de realidades.

          Autor: Cláudio de Oliveira Lima – Psicólogo – Idealizador e Especialista do Autogerenciamento Vivencial (AGV) e desenvolvedor de uma Psicologia com uma visão Quântica.