O ATO DE ALIMENTAR E SUA DINÂMICA NO OLHAR DO AUTOGERENCIAMENTO VIVENCIAL
5 de agosto de 2021Ao nascer, a criança alimenta-se motivada por estímulos biogênicos, isto é, de origem orgânica. Come porque tem fome; caso contrário, morrerá. Saciada, para de comer até a volta da fome. Suas necessidades são orgânicas e suas reações são instintivas. Em tal ato, existe o sentido da sobrevivência física, ou seja, come-se para satisfazer as necessidades fisiológicas do corpo.
A linguagem do recém-nascido é muito restrita, é representada pelo choro, único meio de comunicação que simboliza várias necessidades, como a da fome e a do desconforto, por exemplo.
Ele chora motivado pela fome; não é uma manifestação de um desejo. A ação de chorar aqui é diferente de chorar porque tem “desejo” de comer biscoito.
Com o seu desenvolvimento psicológico e social, o ato de comer da criança passa a adquirir uma nova função que visa às necessidades psicogênicas, isto é, de origem psicológica. Estas se caracterizam pela ausência de conexão com quaisquer processos orgânicos ou necessidades físicas.
E assim, gradativamente, com o decorrer do tempo, o comportamento da criança vai se transformando. O ato de comer passa a ser entendido não só como uma luta pela sobrevivência, mas também como uma corrente ininterrupta de impulsos psíquicos. Duas forças agora a guiam: uma orgânica e outra psicológica.
Enquanto “a orgânica” se preocupa em manter o corpo sadio. “A psicológica” busca satisfazer desejos e reduzir tensões. Nesse caso, não é a fome que produz a vontade de comer, mas o desejo de comer, motivado por algo psicológico, como uma frustração, a busca de prazer ou outro motivo, outro elemento instigador qualquer, que nos levam a comer para abrandar a tensão ou insatisfação em que nos encontramos, nos dando algum prazer momentâneo. O alimento ao adquirir esse significado, passa a ser visto não só como nutriente, mas também como “remédio”, que serve para reduzir as nossas tensões e desprazeres.
O ato de alimentar, agora, não só atenderá às necessidades nutricionais do corpo, mas também servirá para abrandar as nossas “desnutrições” psicológicas ou vivenciais. Assim, passa a depender do nosso psicológico para gerenciar as nossas necessidades, a quantidade e hora de comer e dos nossos desejos para saber o que comer.
Devido a isso, o ato de alimentar poderá apresentar “falhas”, o que é deveras preocupante, uma vez que um mau controle psicológico, possibilitará o surgimento de desequilíbrios. Aumentada; nesse caso, temos a hiperfagia; ou então, diminuída; aí temos a hipofagia. Em ambos os casos, o problema alimentar está no psicológico da pessoa e não no corpo.
A respeito da Hipofagia, trata-se de uma disfunção alimentar, caracterizada por uma rígida e insuficiente dieta alimentar. O alimento é visto como a causa, ou seja, o culpado por impedir a pessoa de adquirir a imagem que idealizou para si mesmo. Em razão disso, há uma ingestão insuficiente de alimentos.
Já a Hiperfagia, a pessoa come compulsivamente com o objetivo de amenizar conflitos, traumas, complexos e frustrações; busca, assim, suprir carências vivenciais. A comida passa a ser usada como lenitivo para os seus problemas.
A ingestão descontrolada de alimentos, para mais ou para menos, produz nas pessoas uma sensação de prazer por quê de certa forma diminui a ansiedade; mas apresenta consequências desastrosas à saúde. Com o tempo, essa forma de lidar com as dificuldades aprisiona as pessoas a um círculo vicioso do qual não conseguirão sair sem ajuda profissional especializada e, principalmente, da sua própria ajuda.
Para refletir: Não devemos tratar o corpo como se ele não fizesse parte de nós.
O Autogerenciamento vivencial é uma ferramenta de grande utilidade no controle do processo alimentar e na superação de alguma disfunção que possa existir.
Para aprofundar no conhecimento, leia o ebook do Autogerenciamento Vivencial editado pela simplíssimo.com.br.
Simplíssimo <ebooks@simplissimo.com.br
Notas:
É importante não confundir desequilíbrio psicológico com doença mental, uma vez que, no desequilíbrio psicológico, a mente da pessoa “não está doente” e “sim desiquilibrada” por perceber e viver a vida de forma inadequada. Basta uma conscientização, por parte da pessoa, para que ele desapareça.
Nesse olhar: Psicólogo trabalha com o PSICOLÓGICO E SEUS CONFLITOS.
Médico trabalha com o CORPO E SUAS DOENÇAS.
Por isso!
É importante aos Psicólogos não incorporarem aos seus vocabulários “palavras ou conceitos” que tiram da Psicologia a sua “autoridade e competência”.
Autor: Cláudio de Oliveira Lima – Psicólogo – Idealizador e Especialista do Autogerenciamento Vivencial (AGV) e desenvolvedor de uma Psicologia com uma visão Quântica.