MEMÓRIA, SUA DINÂMICA, NO OLHAR DO AUTOGERENCIAMENTO VIVENCIAL
19 de agosto de 2021Os arquivos de memória, os de conteúdo psicológico, além de nos lembrar dos acontecimentos passados, em algumas ocasiões, se tornam elementos instigadores das nossas atitudes, comportamentos e pensamentos, como também, dependendo dos nossos desejos, podem aprisionar a nossa consciência a ele. Interessante! A consciência constrói os arquivos de memória e depois se alimenta deles ao bel-prazer.
Em função disso, “dar significados” as nossas vivências psicológicas, é uma tarefa de extrema importância, em razão de que, os arquivos de memória oriundos dessas vivências irão influenciar a nossa consciência. Alguns de forma negativa.
Em razão disso, é essencial gerenciar a edificação e a utilização desses arquivos de memória, já que, dentro deles, estarão inseridos, além das percepções e interpretações psicológicas, suas lógicas psicológicas e os sentimentos e emoções em relação a eles.
Como é importante, ter o entendimento que, tanto na sua “construção” como na sua “utilização”, são influenciados por nossos desejos, conflitos ou por interpretações psicológicas inadequadas já que somos nós que escolhemos como construí-los, significa-los e abri-los na nossa consciência.
De modo geral, a memória é entendida como a capacidade de adquirir (aquisição), armazenar (consolidação) e recuperar (evocar) informações.
Para o autogerenciamento Vivencial, além dessas capacidades, a memória possui ainda as seguintes funções:
Olha aí o grande perigo! Se desejarmos justificar o bem ou o mal, a memória estará sempre disposta a fornecer as informações necessárias para dar respaldo ao desejo da nossa consciência.
Em razão disso, é fundamental saber utilizá-la na função de dar significados psicológicos às nossas vivências, visto que, interfere na qualidade do nosso viver. Se fixarmos a memória em arquivos passados conflituosos, realimentamos sua importância e os manteremos vivos na nossa consciência.
Ao acreditarmos que estamos presos a traumas, complexos ou a situações ruins, inevitavelmente a nossa consciência levada pelos nossos desejos, conflitos ou interpretações inadequadas, abrirá arquivos de memória que justifiquem a sua volta e o manteremos vivos no nosso dia a dia, influenciando as nossas vidas.
Perceba que nesse entrelace entre consciência e memória, a consciência pode se aprisionar aos arquivos de memória criados por ela. Tornar-se refém de si mesma, porém, mesmo assim, não tirará de si, a capacidade de cunhar novos arquivos de memória, para serem utilizados por ela, nas situações vividas ou a viver. Ufa! Por isso, que a terapia funciona.
Como os arquivos de memória são escolhidos de acordo com a nossa consciência, é fato afirmar, que só abrem por meio de uma ação consciente, desejada. O que nos permiti inferir, que cada arquivo de memória com conteúdo psicológico, possui em si, uma senha específica, que precisa ser lembrada através “da consciência”. Logo, toda ação psicológica segue uma lógica e é consciente, ou seja, é desejada. Compete ao terapeuta expor a causa do desejo.
Imagine agora, se a memória ao ser invocada pela consciência, não tivesse, em relação a fatos passados conflituosos a capacidade de influenciá-la, seríamos mais felizes. Não haveria mágoas, decepções, frustrações, vinganças etc., a ser lembrada.
Deixando de lado o mundo da imaginação, não podemos nos esquecer da grande importância que é ser gestor dos nossos arquivos de memória, principalmente os de conteúdo psicológico conflituoso. O seu mau gerenciamento, nos prenderá a acontecimentos pretéritos e conhecidos e isso, interferirá em nosso viver atual.
Ao olharmos para trás, sem autoconsciência e autorreflexão, poderemos nos aprisionar ao mundo que já conhecemos. Quando isso acontece, perdemos a perspectiva de escolher novos caminhos, por restringirmos a nossa capacidade de conhecer e emitir respostas diferentes.
Um pensar e agir que se prende excessivamente ao passado – a traumas, complexos, frustrações etc. – reduz a liberdade de ação no presente, já que esses “desequilíbrios psicológicos” exercerão domínio sobre a nossa consciência, sobre os nossos pensamentos, atitudes, comportamentos, como também, sobre a nossa memória.
Por exemplo. A pessoa que deseja continuar sofrendo, além de fixar o seu pensamento no sofrimento, abre arquivos de memória que o justifiquem, vivendo a vida de acordo com o desejado, o que nos permite inferir, “em termos lógicos”, que não existe conflito psicológico, já que vive em acordo com seu desejo, embora com consequências ruins para si.
Nesse dinâmica de construção das nossas realidades psicológicas, não devemos nos enganar e nem mentir para nós, pois, ao agirmos assim, nos inocentaremos da responsabilidade sobre a vida inadequada que estamos vivendo.
Outro ponto, não há como ficarmos “neutro” no mundo psicológico, visto que, somos elementos ativos na elaboração das nossas percepções e interpretações psicológicas, dos nossos raciocínios e lógicas psicológicas, das nossas certezas, dúvidas, justificativas, das nossas escolhas e das nossas mudanças.
Interessante! A cobra, no seu processo de evolução, é um exemplo de autotransformação, não recicla a pele antiga nem a emenda, simplesmente a descarta para dar continuidade ao seu ciclo evolutivo. Que bom seria, se fossemos assim.
Infelizmente, nesse processo de autotransformação, há pessoas que dizem a si mesmas, que não mudarão o pensar e a forma de agir enquanto não entenderem as razões que as levaram a viver certos episódios na vida. Criam as suas próprias dificuldades vivenciais e depois reclamam quando as vivem.
Existem também as que justificam suas atitudes e comportamentos através de uma “genética vivencial”. Eu sou assim e nada me fará agir e comportar de maneira diferente. Travam seus arquivos de memória, bem como a dinâmica de seu pensamento, em função dessa atitude.
Como também, aquelas que retiram de si qualquer responsabilidade sobre os seus conflitos, traumas, decepções etc.
Enfim! Ao buscar, no mundo já experimentado, justificativas para o seu viver atual. Tenha cuidado! Você poderá supervalorizar certas experiências que, em vez de ajudá-lo, irão aprisioná-lo as situações já vividas.
Também é importante destacar, que nesse processo de autotransformação, os nossos arquivos de memória, também nos orientam na estruturação de novas lógicas psicológicas construtivas.
Outro ponto, ao utilizar arquivos de memória, não há como “ser neutro”, sempre teremos que “escolher” uma maneira, seja adequada ou não, de ser e mover-se neles.
Nota:
Para aqueles que acreditam em ressignificação, não há como reprogramar os nossos arquivos de memória de conteúdo psicológico de acordo com os nossos desejos e sim escolhe-los. Que bom seria. Se pudesse!
Como também, não existe memória emocional e sim arquivos de memória com conteúdo psicológico.
Para aprofundar no conhecimento, leia o ebook do Autogerenciamento Vivencial editado pela simplíssimo.com.br.
Simplíssimo <ebooks@simplissimo.com.br
Autor: Cláudio de Oliveira Lima – Psicólogo – Idealizador e Especialista do Autogerenciamento Vivencial (AGV) e desenvolvedor de uma Psicologia com uma visão Quântica.