A DINÂMICA DO PENSAMENTO E O AUTOGERENCIAMENTO VIVENCIAL

O pensamento é um processo organizado pela mente que ocorre entre a apresentação de um estímulo e a emergência de uma resposta. Quando expresso, ou seja, transformado em ato, determinará a nossa forma de ser e agir.

 É dinâmico, criador e nos dá a consciência do que queremos para nós. É através do ato do pensar que a pessoa que a pessoa elabora as suas percepções psicológicas e organiza o seu raciocínio psicológico, dando vida a lógica cognitivo-vivencial que irá dar forma à maneira de ser e viver.

É estruturador e transformador dos nossos raciocínios e lógicas cognitivo-vivenciais ou psicológicas.

Devido a insatisfação e a impermanência psicológica da mente, o pensamento suas percepções, interpretações psicológicas e as suas lógicas com seus raciocínios psicológicos são interativas, dinâmicas e mutáveis; são os grandes gestores dos nossos “ciclos vivenciais. Além disso, são os responsáveis pelo sincronismo entre nós e o mundo exterior, nos dando os devidos significados e valores das ações e das experiências.

Vivemos ciclos de pensamentos. Em cada pensamento, existe um processo mental diferente, ou seja, um sentido, uma finalidade, uma ideia-força (um elemento instigador), uma percepção, uma interpretação, com um raciocínio e uma lógica psicológica própria.

Eis a descrição do processo da dinâmica do pensamento: por influência de uma ideia-força e sua percepção psicológica, cada pessoa constituirá o conteúdo do próprio pensamento, dará a sua interpretação psicológica. Este, por sua vez, fornecerá as informações necessárias para que a lógica daquela ideia-força seja estruturada. Essa lógica, então, determinará a dinâmica vivencial, ou melhor, a forma como a pessoa irá interagir, como serão as suas atitudes, comportamentos e sentimentos em relação àquela ideia- força.

 É conveniente ressaltar que cada ideia-força (elemento instigador) tem um sentido. Há aquela que nos estimula a mudar de ideia-força e a que nos fixa ao que é importante num dado momento. Por exemplo: Se uma ideia-força tem como elemento instigador o medo, inevitavelmente, formará um pensamento com esse conteúdo. Esse medo será parte integrante da nossa lógica que, por sua vez, o ativará dentro de nós o que ela propõe, dessa forma, determinará o modo de expressá-lo. Estabelece como será a nossa reação a esse medo.

Existem pessoas que não ficam atentas ao que estão pensando; vivem numa irresponsabilidade vivencial. Esquecem que os pensamentos nos guiam; por meio deles é que construímos e validamos aquilo que desejamos para nós.

Fiquemos bem atentos! Cuidadosos com o que estamos pensando e acreditando! Todo pensamento, ao ser considerado algo real, posto em prática, determinará uma ação que, por sua vez, moldará nossas atitudes, comportamentos, nossas reações psicológicas. Aí está o grande perigo! Ao nos aprisionarmos a pensamentos de conteúdos conflituoso, nossa vida absorverá o que eles expressam, ou seja, ao validarmos pensamentos de que estamos doentes, adoeceremos. Se os pensamentos forem de tristeza, nos entristecemos; se forem de depressão, nos deprimiremos, e assim por adiante. Ciclos vivenciais serão criados, em consonância com o conteúdo de cada pensamento vivenciado.

Na verdade, não vivemos em função de traumas ou complexos. Vivemos sim em função de nossos ciclos de pensamentos e seus raciocínios psicológicos. Eles se iniciam quando os conteúdos são postos em prática, transformados em atos. À medida que refletimos e acrescentamos novos conteúdos aos ciclos, eles se renovam e permitem que haja mudanças em nosso comportamento e em nossa forma de ser.

Isso significa que cada ciclo do pensamento determina e é legitimado pelo conteúdo do nosso pensamento, que determina e é legitimado por sua lógica cognitivo-vivencial ou psicológica, que determina e é legitimada por nossa dinâmica vivencial.

Entendido assim, a nossa capacidade de mudança está sob a judice da autoconsciência/autorreflexão de cada um de nós e não presa ao inconsciente e nem ao nosso passado emocional. Ao nos fixarmos em pensamentos conflituosos, essa capacidade será reprimida. Não conseguiremos perceber o mal que estamos nos fazendo. Por isso, não mudamos.

O que é autoconsciência/autorreflexão? É o processo de repensar-se. Consiste em nos concentrarmos em nós mesmos, com o intuito de provocar dúvidas, esclarecimentos sobre o nosso pensar atual.

Ao agirmos assim, estimularemos o questionamento, contribuindo de forma consciente para as modificações necessárias para as nossas vidas. Teremos, assim, condições de mudar o conteúdo de determinado pensamento por outro diferente, criando diferentes lógicas cognitivo-vivenciais, diferentes ciclos. Feito isso, produziremos modificações em nossas atitudes, em nossos comportamentos e em nossas expressões corporais e emocionais.

Para mudar, além do desejo de mudança, um novo conhecimento é necessário para que haja a alteração do ciclo de cada pensamento. Para cada novo pensamento, um novo elemento instigador, uma nova percepção psicológica, um novo conteúdo, um novo raciocínio psicológico, uma nova lógica, uma nova dinâmica vivencial; enfim, um novo ciclo de pensar e agir. O bloqueio ou a perda dessa capacidade renovadora nos aprisionará ao passado, restringindo-nos o olhar sobre a própria realidade.

Cuidado! Ciclos de pensamentos criados por ilusões, tem o intuito de nos iludir, poderá nos dar outros pensamentos ilusórios. Nesse caso, teremos a falsa impressão de que estamos mudando de ciclo, mas, na verdade, estamos cada vez mais nos aprisionando a eles, através de novas justificativas e explicações. Tal qual uma roda gigante que, em relação ao espaço aéreo, está em movimento; porém, em relação ao eixo, ela está presa. Girará, girará, mas não sairá do lugar.

É importante ressaltar, mesmo que tenhamos mudado de ciclo de pensamentos, nada nos impedirá de voltar para o anterior. A mudança de ciclo de pensamentos não é irreversível, uma vez que, mudanças como essas para se manterem, dependem do desejo e do esforço, da persistência de cada um de nós.

Outro ponto interessante: essa maneira de entender o poder do pensamento dá a nós, a capacidade de transformar nosso jeito de viver, sem precisar esquecer ou consertar nada. Basta mudarmos o foco, o conteúdo do pensamento, Que bom!

Atenção! Não se modifica ou apaga pensamentos com a ingestão de remédios.

Infelizmente, há pessoas que têm medo de viver uma “metamorfose vivencial”. Usam as dificuldades, inclusive as doenças, como desculpas para não mudarem os ciclos de seus pensamentos, principalmente aqueles que as fazem sofrer. Buscam na terapia compreensão e descarrego, e não autotransformação. Com esta forma de pensar e agir estão se tornando “alienadas vivenciais”.

Não há como ignorar que existem acontecimentos nas nossas vidas, independentes das nossas vontades, já que vivemos em sociedade onde existem o outro, as regras, as normas, os limites, os desejos opostos e as imprevisibilidades. Tais situações, ao nos envolverem em suas tramas, participarão da nossa maneira de pensar e ser. Por exemplo: Uma pessoa, por causa de uma bala perdida, se torna paraplégica. Mesmo sendo vítima de um acontecimento, alheio à sua vontade, terá que assumir a responsabilidade e as consequências pelo que lhe aconteceu, por meio de lógicas psicológicas criadas por ela.

Mesmo com tremenda adversidade, podemos mudar as nossas escolhas vivenciais e sermos felizes. Temos condições de vencer grandes desafios, mas para isso precisamos querer e acreditar que somos capazes de pensar e agir de formas diferentes. Por mais que nos sintamos limitados diante de obstáculos, a nossa mente sempre terá recursos para nos oferecer outras formas de viver.

Autor: Cláudio de Oliveira Lima – Psicólogo – Idealizador e Especialista do Autogerenciamento Vivencial (AGV) e desenvolvedor de uma Psicologia com uma visão Quântica.