DINÂMICA DA CULPA

DINÂMICA DA CULPA

27 de maio de 2022 Off Por Claudio Lima

A culpa sempre nos conduz a uma atitude autopunitiva que nos enfraquece e nos torna extremamente vulneráveis.

Há quem diga que já nascemos culpados. Na ótica do Autogerenciamento Vivencial, entretanto, o sentimento de culpa resulta de uma educação que prioriza a punição. Sentimo-nos culpados quando violamos o que foi predeterminado como correto. E dos erros só podemos nos redimir sendo castigados.

O grau de autopunição será determinado pela maneira como cada pessoa “entende” os próprios erros.

Na construção e na dinâmica do sentimento de culpa existem dois elementos importantíssimos: a educação familiar/social e o modo individual de lidar com os próprios erros.

A criança vem ao mundo sem condições nenhuma de cuidar de si mesma. Necessita, portanto, de alguém para acompanhar o seu desenvolvimento até que consiga ser independente. Cabe à família a responsabilidade de cuidar e de ensiná-la, enquanto cresce. Para isso, não é incomum que se utilize da punição como forma de alcançar objetivos educacionais.

Abrindo parêntese. A punição visa sempre “um bem maior”, porém, em relação a sua “consequência”, em alguns casos, ela pode ser desastrosa.

Infelizmente, muitas famílias punem os filhos de maneira irracional, com motivos inadequadas. Ignoram os direitos das crianças e submete-as a uma situação em que prevalecem o autoritarismo, a crueldade e a falta de amor. Alguns pais, ao seguirem o modelo com que foram educados, não percebem que estão passando para os filhos os males que eles próprios sofreram. A falta de respeito, a pancadaria, a humilhação e a injustiça praticadas no seio familiar comprometem o desenvolvimento da criança. Na prática, contudo, muitos pais ainda fazem uso de tais recursos. Não entenderam que a educação deve ser interativa, reflexiva, construtiva e inovadora, à medida que respeita a individualidade de cada criança.

Evidentemente, a determinação de limites se faz necessária. Não podemos esquecer que a criança é um ser em formação e que o aprendizado de regras sociais é fundamental para se viver de forma civilizada. Mas muitos pais confundem limite com extirpação. Dar limite não é extirpar de uma criança o seu desejo de existir em liberdade e a sua diferença ser respeitada. Que ela, em desenvolvimento, não seja culpada por pensar e agir diferente; de agir, de forma que contrarie o que os pais determinam como certo. É preciso que haja diálogo, muita compreensão, para que tenha compartilhamento de opiniões e não imposição.

Por causa do modo com que foram criadas, muitas pessoas não conseguem se libertar do passado. Culpam-se muitas vezes, por não terem correspondido aos desejos dos pais; têm dificuldades para se aceitarem, tornando-se, por isso, pessoas dependentes, infelizes, inseguras, temerosas e frágeis. E, em alguns casos, revoltadas e vingativas, tornando-se violentas, desumanas e perigosas.

Só será possível evitar tantos males, com uma educação que prestigie o respeito, a solidariedade, a diferença e o amor entre as pessoas. Tem que haver por parte dos pais afeto, compreensão e sabedoria para superar o que foi vivido, para que isso aconteça; que não considerem a forma que foram educados, no caso desrespeitosa, modelo a seguir. Precisam estar abertos a novas maneiras de se relacionar com os filhos.

O segundo ponto a ser destacado é a maneira com que cada pessoa lida com os próprios erros. O Autogerenciamento Vivencial renuncia à visão unívoca do erro e passa a vê-lo sob dois aspectos: o cognitivo e o vivencial. É importante que se entenda a diferença entre erro cognitivo e vivencial para haver uma gestão mais adequada dos erros e, consequentemente, do sentimento de culpa.

O erro cognitivo está vinculado ao aprendizado formal, ou seja, ao já estabelecido, que depende da memorização de conhecimentos para que não aconteça. A pessoa é avaliada pelo que já aprendeu, isto é, pelo que memorizou. Há uma predeterminação no julgamento. Eu me culpo por não ter me esforçado para aprender ou sou culpado por não ter aprendido ou por não ter feito o aprendido.

Já o erro vivencial está vinculado a um quadro de escolhas. Feita a escolha, só mais tarde a pessoa verifica se a fez corretamente ou não. Não há uma predeterminação no julgamento. O sentimento de culpa, nessa situação, ocorre posteriormente à escolha, após sua vivência.

Convém compreender que quando a escolha foi feita, ela era a melhor opção para aquele momento. Contudo, com o passar do tempo, verifica-se que não era bem assim. Por que então nos culparmos tanto por algo cujo resultado nos era impossível saber? Na realidade, a culpa que sentimos não vem propriamente do erro em si, mas da maneira como reagimos às escolhas inadequadas. Sejamos, portanto, menos rígidos em nossa autoavaliação.

No nosso processo de evolução, temos que aprender a lidar de forma diferente e mais compreensiva com os próprios erros; sejam cognitivos ou vivenciais. Isso evitará que eles nos perturbem tanto a ponto de nos tirar o sossego e, alguns momentos, nos levar a autopunição, autoflagelação.

“A forma com que assimilamos a culpa é determinante em nossa relação com ela”. A autopunição, a autoflagelação são resultadas da severidade com que nos relacionamos com nós mesmos.

Cuidado! A autopunição, a autoflagelação sistemática e o uso de remédios para combater o sofrimento, em vez de propiciar uma melhora, acabam muitas vezes piorando nosso estado psicológico, impedindo assim que readquiramos o autocontrole e vivamos aprisionados a esse passado de sofrimentos.

Por que, então, nos culparmos tanto? Esquecemo-nos que ainda somos humanos!?

Caso queriam aprofundar no assunto, leiam os artigos já publicados e o ebook do Autogerenciamento Vivencial editado pela simplíssimo.com.br.

Simplíssimo <ebooks@simplissimo.com.br

Autor: Cláudio de Oliveira Lima – Psicólogo – Idealizador e Especialista do Autogerenciamento Vivencial (AGV) e desenvolvedor de uma Psicologia com uma visão Quântica.

Você sabia?

Que “o mundo psicológico” sofre alterações é por meio dos “nossos pensamentos.”

Que “os pensamentos”, por sua vez, “sofrem alterações” por outros pensamentos, por doenças ou por ingestão de substâncias químicas.

Que dependendo das causas das alterações psicológicas, os responsáveis por seus tratamentos, podem ser Psicólogos ou Médicos.

Nos casos devido a conflitos psicológicos, são os Psicólogos os responsáveis. Os médicos e seus medicamentos atuam como coadjuvantes no tratamento.

Nos casos devido a doenças. Os Médicos e seus medicamentos são os responsáveis. Os Psicólogos atuam como coadjuvantes no tratamento.

Nos casos de ingestão de substancias químicas, Médicos e Psicólogos são fundamentais no tratamento.