FRUSTRAÇÃO E O AUTOGERENCIAMENTO VIVENCIAL
1 de dezembro de 2020O pensamento é como a vírgula, ao mudá-lo, muda-se o sentido da vida. Exemplo:
Se o pensamento soubesse o valor que tem a vida, ficaria submisso a ela.
Se o pensamento soubesse o valor que tem, a vida ficaria submissa a ele.
Entendendo pensamento como um processo organizado pela mente que ocorre entre a apresentação de um estímulo e a emergência de uma resposta, quando transformado em ato, determinará a nossa forma de ser e agir. Nesse olhar, o mundo psicológico é construído por pensamentos e não por enzimas, hormônios e nem pelo nosso emocional.
O pensamento é o “gestor” de todo o processo de criação e transformação da nossa realidade psicológica.
Nesse olhar, a vida psicológica se inicia por pensamento e se completa com a sua realização, logo, não há como negar a participação da razão. Sem a razão não haverá propósitos e sem eles não haverá pensamento e sem pensamento não haverá realidade psicológica.
Essa é a linha de pensamento do AGV. Para ele, é através do pensamento que nós elaboramos as nossas percepções e interpretações psicológicas sobre os estímulos que nos envolvem, como também, damos vida aos elementos instigadores e suas lógicas cognitivo-vivenciais (psicológica) em relação a esses estímulos, dando contorno as nossas atitudes, as nossas maneiras de sermos e vivermos as nossas realidades psicológicas em função desses estímulos.
O pensamento é consciente, dinâmico e criador de realidades psicológicas, as arquitetando através das lógicas psicológicas construídas por nós, nos dando a “consciência” do que queremos. É o “estruturador” e “transformador” das lógicas cognitivo-vivenciais que nos guiarão nesse trajeto vivencial.
A qualidade dos pensamentos depende do nível de maturidade e saúde psicológica de cada pessoa, dos seus conhecimentos cognitivos/vivenciais, dos seus desejos etc., já que interferem na percepção e interpretação psicológica, com reflexo na elaboração do elemento instigador e sua lógica.
São as percepções e interpretações psicológicas que fornecem as “informações” as nossas mentes, para que elaborem as lógicas dos pensamentos em relação aos acontecimentos que nos envolvem.
Logo, é na mente que se fabrica e revive pensamentos e suas lógicas vinte e quatro horas por dia, ininterruptamente, nos mantendo, assim, psicologicamente vivos. Acreditar que “dentro da normalidade”, a “saúde psicológica” é dependente de exercícios físicos ou de alimentação sadia é um contrassenso no viver psicológica. Não condiz com a realidade.
Nesse contexto, a frustração, será apreendida, como a expressão de sentimentos, construídos por pensamentos e suas lógicas e que se “expressam” por meio dos nossos corpos (desânimo, abatimento etc.) e/ou das nossas ações (agredindo, se revoltando, se autoflagelando etc.) devido a algo desejado, esperado por nós e que não aconteceu.
Para melhor compreensão, sentimento será entendido como a maneira que a pessoa “se sente” psicologicamente diante dessa ou daquela situação e a emoção como a expressão física (desânimo, abatimento, revolta, autoflagelação etc.) desses sentimentos. A expressão emocional nos revela como a pessoa se “sente”, de sentimento, psicologicamente diante do acontecimento. Nos permite perceber como a pessoa se sente em relação a essa ou aquela situação. A lógica determina o sentimento a ser vivido e a emoção o revela ao mundo
Nesse caso, não há como não concluir que a frustração, também, é umas das criações dos nossos pensamentos. Nesse compreender, ela tem o poder de interferir na maneira de sentir e reagir a uma situação.
Outro ponto a destacar, é que a lógica do pensamento também serve para explicar ou justificar o porquê dessa ou daquela atitude diante do acontecimento.
Infelizmente, não há o que se fazer para nos livrarmos definitivamente da frustração e das suas implicações, já que é natural essa “inconstância” na construção dos pensamentos. Determinados momentos podemos aceitar o acontecimento, tudo bem, em outros não. O ponto positivo é que podemos “gerenciá-lo” e amenizar o seu efeito sobre nós.
Outro ponto a ser refletido é a influência do emocional sobre o nosso mundo psicológico, sobre as nossas frustrações. Essa é a visão dos Emocionólogos, estudiosos da emoção, onde a emoção substitui o psicológico: maturidade emocional, reação emocional, conflito emocional, desequilíbrio emocional… e até a nossa inteligência é emocional. A Psicologia, a arte do pensar, deixa de existir.
Para eles, inevitavelmente a frustração sobreporá a racionalidade e de nada valerá, o nosso livre arbítrio, “a autoconsciência e autorreflexão, a nossa maturidade psicológica”, que seremos subjugados e guiados por ela.
Nesse olhar, toda frustração são impulsos e está nela implícito uma propensão a um agir, o que nos levará a uma ação imediata, sem reflexão. A frustração sobrepõe a razão e sua lógica. Cada frustração vivida, nos predispõe a repeti-las em ação futuras.
Para eles, as emoções vividas na infância e adolescência serão determinantes no nosso viver futuro, já que irão influenciar as ações futuras. Nossa! Aterrorizante!
Como nesse olhar, a razão é apenas uma coadjuvante, portanto, como será possível amadurecer as nossas emoções, se a razão está subjugada a emoção? A nossa maturidade psicológica será vela sem vento.
Ainda mais aterrorizante! Eles destacam que ser inteligente é colocar a emoção no centro das ações. A emoção passa a ser a gestora da própria emoção, logo responsável pelas atitudes, comportamentos e pensamentos presentes e futuros. Deveras perigoso e inconsistente esse entendimento.
Já no olhar do AGV, a frustração tem uma estrutura “lógica”, “consciente”, “consistente” que a antecede e que ditas as regras das nossas atitudes, comportamento e pensamentos. Há como “gerenciar” as nossas frustrações.
Nesse olhar, a sua existência e a sua forma de se manifestar vive na dependência das “atitudes” que iremos construir diante do que nos impedem de realizar os nossos desejos; seja nós mesmos, o outro ou as circunstâncias.
Outro ponto interessante, é que ela terá significados e consequências diferentes conforme a fase do nosso desenvolvimento cognitivo-psicológico.
No caso das crianças os motivos e as consequências são diferentes dos adolescentes, como as deles são diferentes dos adultos e dos idosos e entre eles. Vista assim, precisamos entendê-la dentro do seu contexto: o da criança, do adolescente, do adulto e do idoso para podermos compreendê-la no seu significado real, para aí sim, agirmos dentro do seu contexto.
Não é algo passageiro, emocional que só interfere na vida das crianças, jovens imaturos ou pessoas mimadas e que pode ser expurgada através dos seus “amadurecimentos emocionais”.
Em termos de “gestão”, é uma empreitada pessoal (autogestão), já que nascemos incompletos e nos utilizamos dos nossos pensamentos, no nosso processo de autoconstrução.
Vamos nos construindo ao vivenciarmos os elementos instigadores criados por nós, através das percepções e interpretações que fazemos das nossas conquistas e fracassos. Esta construção está sobre o nosso judice.
Sendo assim, grande parte das ocorrências, agradáveis ou desagradáveis e as suas reincidências, dependem de pensamentos recorrentes e da forma como “reagimos” ao que nos impedem de obter o desejado.
Outro ponto a destacar é que a frustração traz na sua vivência sentimentos destrutivos (de culpa, de autopunição, de autoflagelação, de revolta, de vingança, de desanimo, de desesperança, etc.), como também, aprendizado e entres eles estão: que nem sempre temos razões em tudo; que só conseguiremos ter na vida o que realmente somos capazes e que alguns dos quereres estarão sobre o judice dos outros que poderão ou não os realizar.
Enfim, a frustração sob o olhar da “lógica” e da “consciência” se entrega ao nosso comando, podemos, sem dúvida, gerenciar as reações que nos impedem de realizar o desejado.
Abrir a mente para dar espaço a novos entendimentos é um dos nossos grandes desafios da vida. Pensem nisso!
Nota.
Devido aos conceitos de incompletude, impermanência, multiplicidade psicológica e plasticidade vivencial que afirmam e reafirmam a transitoriedade dos nossos pensamentos e ações, não há como prever cem por cento os comportamentos das pessoas.
Interessante! Existe até orações para lidar com as frustrações.
Autor: Cláudio de Oliveira Lima – Psicólogo – Idealizador e Especialista do Autogerenciamento Vivencial (AGV) e desenvolvedor de uma Psicologia com uma visão Quântica.