FRUSTRAÇÃO E O AUTOGERENCIAMENTO VIVENCIAL

FRUSTRAÇÃO E O AUTOGERENCIAMENTO VIVENCIAL

1 de dezembro de 2020 Off Por Claudio Lima

O pensamento é como a vírgula, ao mudá-lo, muda-se o sentido da vida. Exemplo:

Se o pensamento soubesse o valor que tem a vida, ficaria submisso a ela.

Se o pensamento soubesse o valor que tem, a vida ficaria submissa a ele.

Entendendo pensamento como um processo organizado pela mente que ocorre entre a apresentação de um estímulo e a emergência de uma resposta, quando transformado em ato, determinará a nossa forma de ser e agir. Nesse olhar, o mundo psicológico é construído por pensamentos e não por enzimas, hormônios e nem pelo nosso emocional.

O pensamento é o “gestor” de todo o processo de criação e transformação da nossa realidade psicológica.

Nesse olhar, a vida psicológica se inicia por pensamento e se completa com a sua realização, logo, não há como negar a participação da razão. Sem a razão não haverá propósitos e sem eles não haverá pensamento e sem pensamento não haverá realidade psicológica.

Essa é a linha de pensamento do AGV. Para ele, é através do pensamento que nós elaboramos as nossas percepções e interpretações psicológicas sobre os estímulos que nos envolvem, como também, damos vida aos elementos instigadores e suas lógicas cognitivo-vivenciais (psicológica) em relação a esses estímulos, dando  contorno as nossas atitudes, as nossas maneiras  de sermos e vivermos as nossas realidades psicológicas em função desses estímulos.

Logo, em termos psicológicos, vivemos em função de “ciclos de pensamentos”, já que, em cada pensamento, existe um processo mental diferente, ou seja, um sentido, uma finalidade, uma ideia-força (um elemento instigador), uma percepção, uma interpretação, uma lógica cognitivo-vivencial (psicológica) e uma ação própria.

O pensamento é consciente, dinâmico e criador de realidades psicológicas, as arquitetando através das lógicas psicológicas construídas por nós, nos dando a “consciência” do que queremos. É o “estruturador” e “transformador” das lógicas cognitivo-vivenciais que nos guiarão nesse trajeto vivencial.

A qualidade dos pensamentos depende do nível de maturidade e saúde psicológica de cada pessoa, dos seus conhecimentos cognitivos/vivenciais, dos seus desejos etc., já que interferem na percepção e interpretação psicológica, com reflexo na elaboração do elemento instigador e sua lógica.

São as percepções e interpretações psicológicas que fornecem as “informações” as nossas mentes, para que elaborem as lógicas dos pensamentos em relação aos acontecimentos que nos envolvem.

Logo, é na mente que se fabrica e revive pensamentos e suas lógicas vinte e quatro horas por dia, ininterruptamente, nos mantendo, assim, psicologicamente vivos. Acreditar que “dentro da normalidade”, a “saúde psicológica” é dependente de exercícios físicos ou de alimentação sadia é um contrassenso no viver psicológica. Não condiz com a realidade.

Nesse contexto, a frustração, será apreendida, como a expressão de sentimentos, construídos por pensamentos e suas lógicas e que se “expressam” por meio  dos nossos corpos (desânimo, abatimento etc.) e/ou das nossas ações (agredindo, se revoltando, se autoflagelando etc.) devido a algo desejado, esperado por nós e que não aconteceu.

Para melhor compreensão, sentimento será entendido como a maneira que a pessoa “se sente” psicologicamente diante dessa ou daquela situação e a emoção como a expressão física (desânimo, abatimento, revolta, autoflagelação etc.) desses sentimentos. A expressão emocional nos revela como a pessoa se “sente”, de sentimento, psicologicamente diante do acontecimento. Nos permite perceber como a pessoa se sente em relação a essa ou aquela situação. A lógica determina o sentimento a ser vivido e a emoção o revela ao mundo

Nesse caso, não há como não concluir que a frustração, também, é umas das criações dos nossos pensamentos. Nesse compreender, ela tem o poder de interferir na maneira de sentir e reagir a uma situação.

Outro ponto a destacar, é que a lógica do pensamento também serve para explicar ou justificar o porquê dessa ou daquela atitude diante do acontecimento.

Infelizmente, não há o que se fazer para nos livrarmos definitivamente da frustração e das suas implicações, já que é natural essa “inconstância” na construção dos pensamentos. Determinados momentos podemos aceitar o acontecimento, tudo bem, em outros não. O ponto positivo é que podemos “gerenciá-lo” e amenizar o seu efeito sobre nós.

Outro ponto a ser refletido é a influência do emocional sobre o nosso mundo psicológico, sobre as nossas frustrações. Essa é a visão dos Emocionólogos, estudiosos da emoção, onde a emoção substitui o psicológico: maturidade emocional, reação emocional, conflito emocional, desequilíbrio emocional… e até a nossa inteligência é emocional. A Psicologia, a arte do pensar, deixa de existir.

Para eles, inevitavelmente a frustração sobreporá a racionalidade e de nada valerá, o nosso livre arbítrio, “a autoconsciência e autorreflexão, a nossa maturidade psicológica”, que seremos subjugados e guiados por ela.

Nesse olhar, toda frustração são impulsos e está nela implícito uma propensão a um agir, o que nos levará a uma ação imediata, sem reflexão. A frustração sobrepõe a razão e sua lógica. Cada frustração vivida, nos predispõe a repeti-las em ação futuras.

Para eles, as emoções vividas na infância e adolescência serão determinantes no nosso viver futuro, já que irão influenciar as ações futuras. Nossa! Aterrorizante!

Como nesse olhar, a razão é apenas uma coadjuvante, portanto, como será possível amadurecer as nossas emoções, se a razão está subjugada a emoção? A nossa maturidade psicológica será vela sem vento.

Ainda mais aterrorizante! Eles destacam que ser inteligente é colocar a emoção no centro das ações. A emoção passa a ser a gestora da própria emoção, logo responsável pelas atitudes, comportamentos e pensamentos presentes e futuros. Deveras perigoso e inconsistente esse entendimento.

Já no olhar do AGV, a frustração tem uma estrutura “lógica”, “consciente”, “consistente” que a antecede e que ditas as regras das nossas atitudes, comportamento e pensamentos. Há como “gerenciar” as nossas frustrações.

Nesse olhar, a sua existência e a sua forma de se manifestar vive na dependência das “atitudes” que iremos construir diante do que nos impedem de realizar os nossos desejos; seja nós mesmos, o outro ou as circunstâncias.

Outro ponto interessante, é que ela terá significados e consequências diferentes conforme a fase do nosso desenvolvimento cognitivo-psicológico.

No caso das crianças os motivos e as consequências são diferentes dos adolescentes, como as deles são diferentes dos adultos e dos idosos e entre eles. Vista assim, precisamos entendê-la dentro do seu contexto: o da criança, do adolescente, do adulto e do idoso para podermos compreendê-la no seu significado real, para aí sim, agirmos dentro do seu contexto.

Não é algo passageiro, emocional que só interfere na vida das crianças, jovens imaturos ou pessoas mimadas e que pode ser expurgada através dos seus “amadurecimentos emocionais”.

Em termos de “gestão”, é uma empreitada pessoal (autogestão), já que nascemos incompletos e nos utilizamos dos nossos pensamentos, no nosso processo de autoconstrução.

Vamos nos construindo ao vivenciarmos os elementos instigadores criados por nós, através das percepções e interpretações que fazemos das nossas conquistas e fracassos. Esta construção está sobre o nosso judice.

Sendo assim, grande parte das ocorrências, agradáveis ou desagradáveis e as suas reincidências, dependem de pensamentos recorrentes e da forma como “reagimos” ao que nos impedem de obter o desejado.

Outro ponto a destacar é que a frustração traz na sua vivência sentimentos destrutivos (de culpa, de autopunição, de autoflagelação, de revolta, de vingança, de desanimo, de desesperança, etc.), como também, aprendizado e entres eles estão: que nem sempre temos razões em tudo; que só conseguiremos ter na vida o que realmente somos capazes e que alguns dos quereres estarão sobre o judice dos outros que poderão ou não os realizar.

Enfim, a frustração sob o olhar da “lógica” e da “consciência” se entrega ao nosso comando, podemos, sem dúvida, gerenciar as reações que nos impedem de realizar o desejado.

Abrir a mente para dar espaço a novos entendimentos é um dos nossos grandes desafios da vida. Pensem nisso!

Nota.

Devido aos conceitos de incompletude, impermanência, multiplicidade psicológica e plasticidade vivencial que afirmam e reafirmam a transitoriedade dos nossos pensamentos e ações, não há como prever cem por cento os comportamentos das pessoas.

Interessante! Existe até orações para lidar com as frustrações.

Autor: Cláudio de Oliveira Lima – Psicólogo – Idealizador e Especialista do Autogerenciamento Vivencial (AGV) e desenvolvedor de uma Psicologia com uma visão Quântica.