IMPREVISIBILIDADE PSICOLÓGICA E O AUTOGERENCIAMENTO VIVENCIAL

IMPREVISIBILIDADE PSICOLÓGICA E O AUTOGERENCIAMENTO VIVENCIAL

8 de maio de 2023 Off Por Claudio Lima

Devido essa natureza livre e inconstante da nossa mente na construção e reconstrução das nossas realidades psicológicas presentes, o Autogerenciamento Vivencial (AGV), tendo como referência o conceito de impermanência psicológica, multiplicidade e flexibilidade psicológica deu vida ao conceito de imprevisibilidade psicológica.

Essa “inconstância psicológica” nos dá “a possibilidade de mudar” de atitude, comportamento e pensamento em relação a nossa maneira de lidar com as situações que nos envolvem. Infelizmente, em algumas situações, para pior.

Em relação aos nossos desconhecimentos e incertezas permite a existência das teorias motivacionais e de persuasão. Embora, ninguém muda ninguém, sem o seu consentimento, ou seja, as pessoas não são convencidas, se deixam convencer por “n” motivos.

Vamos lá.

A nossa vida psicológica, não passa de articulações de pensamentos, que conduzidos por nossas escolhas e ações, mudam a cada desejo, vontade, crenças etc., e essas, por sua vez, mudam em relação aos mesmos elementos instigadores devido a novas interpretações psicológicas dado a eles ou a cada novo elemento instigador.

Dentro desse contexto de transformação nasce a “imprevisibilidade psicológica” que é a capacidade que a mente humana tem de não corresponder ao esperado, em dados momentos.

Como já visto anteriormente, a mente humana possui a capacidade de mudar de pensamentos, atitudes e comportamentos em relação as tidas anteriormente, através do seu psicológico, ou seja, anteriormente agíamos desse jeito, agora nos comportamos diferente.

Dentro desse contexto, não há dúvida que a imprevisibilidade psicológica está ligada a essa liberdade que a mente humana tem de escolher e de mudar de pensamentos, de atitudes e comportamentos a cada percepção e interpretação ou se deixando influenciar por algo ou alguém.

Ela é o resultado dessa inconstância em relação as nossas ações. Nesse entendimento, fica claro que a imprevisibilidade psicológica se submete ao nosso querer, acreditar e agir, ao nosso Autogerenciamento Vivencial (AGV).

Isso, nos permite inferir, que a nossa vida psicológica é construída em função dos entendimentos que construímos no nosso dia a dia e não em relação ao emocional e ao inconsciente.

Nesse olhar, fica claro, que somos os gestores da nossa vida psicológica. Nesse caso, a responsabilidade sobre os nossos desejos e as nossas ações, cai sobre nós, embora a sociedade e as religiões criem regras, leis, punições, fundamentos religiosos etc., eles apenas nos orientam, não possuem em si, a capacidade de nos impor ou impedir, quando queremos descumpri-las.

O que se observa, é que essas normas não nos impedem “definitivamente” de mudar de atitude, pensamento e comportamento em relação ao que nos acontece ou imaginamos ser, basta termos motivos. Elas apenas nos orientam.

Visto assim, em termo psicológico, não há como negarmos, que somos mal ou bem feitores das nossas vidas, haja vista que nada nos acontece sem uma ação de nossa parte.

Um ponto importante a ser destacado, embora sejamos nós os responsáveis pelo veredito final, ele não ocorre sem motivos, sem elementos instigadores. Olha a grande responsabilidade nossa e da sociedade nos nossos descaminhos!

Infelizmente ou felizmente, dependendo do que queremos, não há nada que nos impeça “definitivamente” de não mudar ou desmudar de atitude, pensamento e comportamento em relação as situações vividas, vivendo ou a viver, de sermos imprevisíveis psicologicamente.

Em termos pessoais e psicológicos, essas mudanças constantes, essas instabilidades psicológicas, de acordo com os motivos, podem gerar sofrimentos, conflitos, traumas, revoltas, agressividade, homicídios etc., e até doenças, conflitos psicológicos e caos sociais.

Em termos sociais, a sociedade se ilude ao achar que pode controlar essa imprevisibilidade psicológica, ou seja, a mente humana, suas atitudes, pensamento e comportamentos por meio de leis cada vez mais severas e meios eletrônicos e de falsas filosofias, conhecimentos e verdades e dá educação, sem mudar a sua postura, sua visão em relação aos seus cidadãos.

Fica claro, que nessa visão humanista, as pessoas não são as únicas responsáveis pelo caos sociais, a sociedade tem a sua parcela de culpa.

As políticas sociais, só serão soluções, quando indexadas as suas atuações, ações sociais, econômicas e humanitária mais igualitárias e justas, que reflitam no psicológico de cada pessoa de forma positiva, ou seja, que não criem elementos instigadores que as incentivem e justifiquem a desenvolverem atitudes, pensamentos e comportamentos antissociais.

Essa busca de previsibilidade psicológica é e será um jogo entre as pessoas e suas sociedades.

Na verdade, na verdade, em termos psicológicos, o que temos é um “controle ilusório” sobre a mente humana, devido ao fato, de não poder ser conhecida e controlada integralmente.

O conhecimento estrutural, fisiológico, químico e psicológico da mente humana não nos possibilita conhecer totalmente a sua dinâmica psicológica.

Podemos prever algumas ações, mas nem sempre acontecerá do jeito previsto. Vide o que está acontecendo atualmente. Somos sempre surpreendidos por atos de violência.

Nota. O estudo estatístico corrobora na validação da imprevisibilidade humana.

Fica claro, que não é só através de atitudes generalizadas, leis e regras, meios eletrônicos etc., que a sociedade irá obter controle, certeza de que as pessoas não irão cometer nenhum tipo de delito, infração ou outro qualquer tipo de ação antissocial. Basta ter motivos.

Dentro da sua previsibilidade e imprevisibilidade o ser humano poderá se tornar um animal perigoso tanto para si como para os outros e a natureza. Os conflitos pessoais e sociais causam danos as pessoas e a sociedade.

Por outro lado, sem a previsibilidade não há estabilidade psicológica e social.

A mente humana, apesar de imprevisível e inconstante, ela pode, por meio do autogerenciamento vivencial, da autoconsciência, da autorreflexão, ou seja, da autogestão psicológica, manter-se ou tornar-se previsível até que algo aconteça e a retire dessa previsibilidade.

Não podemos esquecer que o ser humano não se torna imprevisível, ele é imprevisível. Para se manter previsível ele precisa de si, da sociedade e de motivos.

O que mais incomoda a sociedade é o nível de previsibilidade que ela possui sobre as pessoas, mesmo os constituídos através da ciência, são vulneráveis, por estarem subjugados por fatores pessoais ou psicológicos e externos ou sociais. Prever ela até pode, certeza não.

Outro ponto, o inesperado só pode ser entendido e explicado após o acontecido.

Nesse caso, é preciso, urgentemente, que as pessoas sejam vistas e compreendidas como seres humanos individuais, sociais e vulneráveis ao que lhe acontece e não, mero espectadores manipulados pelo sistema.

Temos que cuidar da mente humana com responsabilidade, fraternidade, igualdade e humanidade, para que ela não tenha motivo para construir pensamentos autodestrutivos e destrutivos.

Enfim! É importante voltar a ressaltar que determinadas doenças, conflitos psicológicos e drogas interferem nessa imprevisibilidade e inconstância psicológica, já que, influenciam na qualidade dos pensamentos e suas lógicas psicológicas advindas delas, por interferirem na nossas percepções e interpretações psicológicas.

Cuidado com essa visão de colocar nas leis e na educação a responsabilidade pelo controle dessas instabilidades e imprevisibilidade da mente humana.

Autor: Cláudio de Oliveira Lima – Psicólogo – Idealizador e Especialista do Autogerenciamento Vivencial (AGV) e desenvolvedor de uma Psicologia com uma visão Quântica.