INCOMPLETUDE PSICOLÓGICA E O AUTOGERENCIAMENTO VIVENCIAL
5 de novembro de 2020Antes de começar é importante destacar que somos seres destinados a incompletude e por mais que façamos, por mais que realizamos etc., nos sentimos incompletos, insatisfeitos. Logo, faz parte do nosso mundo psicológico essa sensação de incompletude, de insatisfação, uma vez que, ela está indexada a nossa capacidade de pensar, criar, mudar, transformar, viver etc.
Estamos fadados a buscar sempre algo, para nos completarmos. Viveremos e morremos com esse sentimento de que está sempre faltando algo para realizarmos, para nos completarmos.
Essa sensação de incompletude, de insatisfação é nomeada pelo Autogerenciamento Vivencial como “incompletude psicológica”.
É importante destacar que o conluio entre a “impermanência psicológica e a incompletude psicológica” se mal gerenciado, poderá trazer graves consequências psicológicas e sociais para nós.
Então o que fazer para não sermos absorvidos por ela sem qualquer restrição?
Como ela faz parte do nosso mundo psicológico, podemos sim, gerenciá-la de forma consciente, lógica e reflexiva, para que não fuja ao nosso controle e crie insatisfações que nos deportem a níveis de autodestruição ou fuga da realidade. Daí a importância de exercermos uma autogestão consciente sobre ela. Analisar as suas “consequências” nas nossas vidas.
Essa sensação de incompletude psicológica interfere e interferirá tanto na maneira de lidarmos comas nossas insatisfações, como nos sentimentos que envolvem as nossas conquistas e realizações e os seus tempos de duração.
A nossa realidade psicológica, com seus momentos de prazeres e satisfação são vulneráveis a esse conluio entre incompletude e impermanência psicológica. Daí a importância de gerenciar essa insatisfação psicológica, de forma construtiva nas nossas vidas, já que a sua manifestação está sobre o julgo dos nossos desejos, dos nossos propósitos, das nossas escolhas, das nossas interpretações, do nosso querer, do nosso acreditar e agir, do nosso nível de autoconsciência e autorreflexão, da nossa maturidade e saúde psicológica e de novos conhecimentos cognitivos/vivenciais. Daí a necessidade do Autogerenciamento Vivencial.
Em termos sociais, nos aprisiona aos ideais do sistema sociopolítico e econômico em que estamos inseridos.
Vejamos! No caso do sistema capitalista, sistema desumano que destrói o homem em sua essência e a natureza na sua beleza e harmonia, só se mantém, até o presente momento, por se utilizar de marketing que se aproveitam dessa incompletude psicológica, para incutir em nossas cabeças, através de falsas ideologias e filosofias etc., que o nosso amanhã será sempre melhor, desde que sigamos o que ele propõe.
Procura obscurecer o nosso olhar sobre a realidade para que não a vejamos de fato, só a percebendo de acordo com seus interesses.
Entre os malefícios, nos incuti esse “consumismo desenfreado”, essa insatisfação abissal, desumana, através de constantes lançamentos, seja: de vestimentas, de carros, de celulares etc., nos condicionando a sentirmos insatisfeitos com os anteriores e a adquiri-los incessantemente.
Outro malefício a destacar, ele nos imprimiu que a “preocupação com o futuro” é uma atitude correta. Que devemos investir nele, não se importando do quanto do nosso presente, teremos de sacrificar para ter esse futuro idealizado por ele, para nós. Só assim evitaremos dissabores em nossas vidas.
Preocupação essa, que nos permitirá antecipar e corrigir ações, que ocorreriam num momento posterior ao que foi enunciado. Um futuro que nos consente agir e pensar de forma antecipatório, ao nos permitir identificar e planejar soluções para futuras necessidades ou problemas antes deles acontecerem.
Pressionado por essa ideologia, investimos as nossas vidas, os nossos presentes, sem qualquer reflexão, nesse futuro previsível, fruto de um planejamento, de uma preparação, de algo previsível, delineado ou desejado, porém sem data para realização.
O fluxo contraproducente, é que, a partir dessa consciência, acontece o nosso “aprisionamento a ela”, nos despertando um pensar proativo sobre as nossas necessidades futuras, evitando assim, que sejamos surpreendidos com algo inesperado ou ruim.
O grande obstáculo ao lidar com esse futuro é que, em determinados momentos, o colocamos como foco principal das nossas vidas e sacrificamos grande parte do nosso presente para realizá-lo, sem medir a suas consequências psicológicas, sociais, como também, em relação a natureza e seu equilíbrio.
É comum ouvir propaganda desse nível: Planeje seu futuro e conquiste seus objetivos com a ajuda de previsões desenvolvidas por especialistas. Eles revelarão, tendências e opções, que nos ajudarão a conduzir as nossas vidas, como também, nos revelarão vários futuros que teremos pela frente, que irão acontecer nos próximos anos.
O sistema capitalista vive e sobrevive dessa incompletude humana.
Para o Autogerenciamento vivencial, devemos estar atentos a compreensão e ao gerenciarmos dessa incompletude, pois só assim, não esqueceremos de viver no presente, como também, nos ajudará a lidar com as suas consequências no nosso desenvolvimento pessoal, profissional e social.
Uma pergunta se faz necessária. Envolvido pela “impermanência psicológica” da nossa mente, associada ao nosso “sentimento de incompletude”, que seres humanos seremos nos séculos vindouros?
Autor: Cláudio de Oliveira Lima – Psicólogo – Idealizador e Especialista do Autogerenciamento Vivencial (AGV) e desenvolvedor de uma Psicologia com uma visão Quântica.