RELAÇÃO EXISTENCIAL
29 de janeiro de 2022Para falar sobre a relação existencial, precisamos fazer uma análise dela no tempo. Percebe-se que hoje ela apresenta dois sentidos básicos: o tradicional, viver para o outro; e o atual, em que as pessoas querem compartilhar e, ao mesmo tempo, desejam ser responsáveis por si mesmas, tendo como meta a independência existencial.
Hoje o sentido existencial está em direção ao compartilhamento. Cada vez menos prevalece o desejo de complementar a vida do outro. Na relação contemporânea, a igualdade exerce o papel principal. É preciso buscar soluções que conduzam à valorização do ser humano, no sentido de ampliar o próprio ato de ser. Direitos e obrigações são parceiros na construção dessa relação. Embora a companhia do outro seja importante, ela não é tudo na vida de uma pessoa.
Os afetos e desejos já existem na pessoa, constituem parte dela. Ela, na realidade, deve apenas determinar o que, como, quanto e com quem deve compartilhá-los.
Sem dúvida, a companhia do outro é importante, uma vez que nos permite compartilhar nossos afetos e desejos, porém, não podemos nos subjugar a uma relação à custa de sofrimentos.
Independência não tem aqui o sentido de isolamento, solidão, egoísmo, mas o de ser responsável por suas escolhas, guiado pelo autoamor e não por necessidade ou carência.
A relação com responsabilidade visa à aproximação de duas “pessoas inteiras” e não à união de “duas metades” para formar “um inteiro”. Embora juntas, cada qual tem seu próprio caminho e valoriza a própria consciência na construção pessoal, tornam-se assim menos dependentes, mais livres para viver e amar.
O espírito livre não é egoísta, temeroso e interesseiro. Sua satisfação está no prazer de compartilhar com o outro os afetos e desejos. Não há necessidade de barganhar sentimentos. Ninguém é proprietário ou propriedade do outro. Cada qual tem liberdade e só haverá relação afetiva se o outro desejar compartilhar. Imposição, jamais! Assim, as pessoas se sentirão à vontade para estabelecer uma relação cujas possibilidades não serão podadas pelos interesses egoístas, pelos ciúmes doentios ou quaisquer outras fraquezas psicológicas.
Numa relação egoísta, a pessoa é tirânica e receosa, torturada pela desconfiança e pela insegurança, exclusivamente dependente dos próprios desejos, escrava mesmo deles. Entende que só assim conseguirá realizar seus sonhos.
Vive numa busca frenética por alguém que preencha o que estabeleceu para si. Se não correspondida, sofre. Cria um inferno para si. Perturbada, não consegue ser feliz, porque não compartilha, não respeita o outro nem a si mesma, atormenta-se e atormenta a vida do outro.
A pessoa insegura – sem autoamor – tem dificuldade de se ver amada. Além de ficar à espera de que o outro dê sempre prova de seu afeto, quer que tudo seja do seu jeito; caso contrário, não se sentirá correspondida. Sente dificuldade de compreender que existem formas diferentes de se relacionar e de expressar afetos. Vive presa aos seus desejos. Sua teimosia serve cada vez mais para envenenar sua mente.
É preciso entender que um relacionamento só poderá dar certo se cada um dos envolvidos der o melhor de si. Ninguém consegue amar verdadeiramente, se sua alma está povoada de desconfiança, descrença, ciúmes, medo. Para compartilhar afetos é necessário que não haja exigências, tirania, controle, escravidão. Para vivenciar com intensidade os momentos vividos a dois, é indispensável que exista harmonia e respeito no relacionamento.
Aristóteles, centenas de anos atrás, já dizia que nenhuma pessoa é dona da felicidade de outra, por isso não devemos entregar a nossa alegria, a nossa paz, enfim, a nossa vida a ninguém. Tampouco devemos nos julgar donos dos desejos, da vontade ou dos sonhos de quem quer que seja.
Para refletir: A razão da vida está em nós mesmos. A paz interior é a nossa meta na vida. Quando tivermos a impressão de que ainda nos falta algo, devemos nos perguntar se não estamos colocando a felicidade num ponto cada vez mais distante de nós mesmos.
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Autor: Cláudio de Oliveira Lima – Psicólogo – Idealizador e Especialista do Autogerenciamento Vivencial (AGV) e desenvolvedor de uma Psicologia com uma visão Quântica.