SINOPSE DO AUTOGERENCIAMENTO VIVENCIAL (AGV)

SINOPSE DO AUTOGERENCIAMENTO VIVENCIAL (AGV)

25 de março de 2024 Off Por Claudio Lima

O cuidar de si

O Autogerenciamento Vivencial – AGV – é um método terapêutico que propõe uma nova maneira de interpretar os conflitos psicológicos, ao trocar a visão razão x emoção, por uma lógica, que privilegia os nossos aprendizados cognitivos/vivenciais e suas lógicas, como a nossa capacidade de gerenciar as nossas vivências, por nós mesmos. Destaca a autogestão.

Busca a compreensão da lógica dos conflitos, com o objetivo de atuar em suas consequências de maneira direta e eficaz, propiciando mudanças na realidade psicológica das pessoas, ou seja, nas suas atitudes, comportamentos e pensamentos.

Como trabalha com “LÓGICA”, a sua aplicabilidade não tem fronteira, podendo ser utilizada em qualquer conjuntura, seja pessoal, profissional, educacional, esportiva, empresarial, social etc., em situações em que haja conflito e desejo de mudança, abrindo a mente das pessoas para um novo entendimento da vida, ressaltando a importância da participação delas no gerenciamento das suas lógicas psicológicas, na construção dos seus pensamentos.

Apresenta como base o princípio de que as soluções de nossos conflitos têm como ponto de partida o que estamos vivendo agora e a repercussão dela no presente e no futuro. Incentiva-nos assim a viajar pelo nosso interior, como forma de aprofundar o nosso autoconhecimento vivencial.

Tem como desígnios:

  • Nos ensinar a dialogar com os nossos conflitos e desafios.
  • Nos orientar a ter controle sobre os nossos pensamentos.
  • A melhorar o nosso relacionamento com a nossa mente, isto é, com a nossa maneira de pensar sobre o que nos acontece.
  • Nos incentivar a mudar a nossa consciência inadequada sobre nós e sobre os problemas que nos envolvem.
  • Nos ensinar a duvidar das nossas verdades.
  • Nos estimular a tomar posse sobre nós, ao nos sinalizar que podemos escolher no que pensar e a mudar à nossa maneira de agir.
  • Nos sinaliza, que para mudar, basta mudar os nossos pensamentos inadequados através de novas lógicas psicológicas.
  • A ter um novo olhar sobre a própria vida.
  • E assim vai….
  • Enfim, nos ensina a questionar e dar limite para nós mesmos.

Como já foi dito, o AGV atua nas lógicas e suas consequências que prejudicam o nosso equilíbrio vivencial que, com o passar do tempo, podem se tornar orientadores vivenciais nocivos, certamente poderão nos aprisionar a lógicas psicológicas perturbadoras. Isso, sem dúvida, conturbará a nossa capacidade de compreender e superar os nossos conflitos e desafios. Como efeito, teremos dificuldades para avaliar as consequências dos nossos atos.

Mostra que com o exercício da autoconsciência e da autorreflexão, chegaremos a uma compreensão mais apurada dos nossos conflitos e desafios, por meio de um raciocínio psicológico adequado a situação.

 Além disso, chama a atenção para a responsabilidade que temos não só com as nossas escolhas, mas também com as nossas percepções psicológicas na construção das nossas “interpretações psicológicas” e raciocínio psicológico por serem preponderante na estruturação e na qualificação da nossa realidade psicológica, uma vez que, dão existência as lógicas psicológicas e aos pensamentos oriundos delas, nos permitindo ter outra consciência sobre os nossos conflitos e desafios.

 Como não há uma investigação do passado, não existe nenhuma preocupação de encontrar culpados pelos nossos desequilíbrios psicológicos. Segue fielmente o ponto de vista de que quem faz a revolução dos próprios pensamentos somos nós mesmos, ao mudarmos as lógicas que nos guiam em relação a eles.

Como a mudança da nossa dinâmica vivencial se encontra sob o judice do nosso querer, acreditar e agir, da nossa multiplicidade psicológica e plasticidade vivencial e da transitoriedade das nossas percepções e interpretações psicológicas. São elas que nos permitem mudar as nossas escolhas vivenciais; porém a qualidade das nossas transformações, está indexada a nossa maturidade e saúde psicológica e a novos conhecimentos e ao desenvolvimento da nossa autoconsciência e autorreflexão, já que é através deles que analisamos e compreendemos as nossas vivências.

Ao agregarmos novos elementos instigadores, novas interpretações psicológicas, novos raciocínios psicológicos, novas lógicas serão construídas, outras escolhas vivenciais serão realizadas, outras consciências construídas, logo, outras realidades serão vividas. Desse modo, será possível transformar todos os contextos em que vivemos. Mas somente após o entendimento e a análise das escolhas vivenciais feitas e dos elementos instigadores que as estimularam. Não entra aí a reformulação do passado, apenas o percebimento das novas atitudes que poderemos ter diante daquilo que está acontecendo. E a autotransformação começará a ocorrer no decurso das novas percepções e interpretações psicológicas que serão dadas aos fatos vivenciados.

Todavia, há algo importante para se destacar, em relação ao elemento instigador: quando o elemento instigador é constituído por acontecimentos como paralisia dos membros etc., nesse caso, só a percepção e a interpretação psicológica podem ser mudadas. Já no caso de pertencer ao mundo psicológico (baixa autoestima), poderemos mudá-lo como também a sua percepção e interpretação psicológica.

No Autogerenciamento Vivencial, toda a análise terapêutica se debruça sobre o presente, o fato acontecendo. A interpretação dos fatos atuais, sem dúvida, provoca mais impacto e, certamente, conduzirá a pessoa à autorreflexão. Dará a ela a compreensão de que ocorrerá perda de tempo de vida se mantiver o seu modo de viver. É preciso entender, com a devida clareza, o quanto se perde com uma vida mal vivida e que a autotransformação terá que acontecer logo, pois a demora em realizá-la significará adiamento de uma vida melhor. Não há tempo a perder. É preciso viver bem, agora, já! O trem da vida nunca para.

Nesse olhar, a autotransformação só acontecerá se houver aprimoramento da autoconsciência e da autorreflexão. Só então perceberemos que a qualidade de cada ato vivencial depende, sobretudo, das nossas atitudes atuais, da capacidade de transformar nossas vivências, enfim, da nossa multiplicidade psicológica.

O autoquestionamento nos possibilitará perceber o quanto, em algumas situações, somos causadores do nosso próprio sofrimento. Viver atrelado ao passado com a esperança de que assim o mudará, é pura tolice. O passado é uma etapa da vida que já foi vivenciada. Não há como revivê-lo. Não é com o auxílio dele que vamos solucionar os nossos conflitos vivenciais. O que temos de valorizar é o presente. É o novo que nos permitirá outro trajeto existencial. Não o velho. Não o que passou. É preciso inovar: mudar os pensamentos, as atitudes e os comportamentos, ver o mundo com um novo olhar, ver a si mesmo de uma nova perspectiva, ver o outro com novos sentimentos.

O passado é página virada e só influencia quem vive com ele. O futuro segue a lei da imprevisão vivencial, segundo a qual eventos inesperados, improváveis e imprevisíveis surgem a todo momento. Cada mudança se sustenta num ato atual, isto é, numa decisão que se toma em dado momento, renovada a cada dia, fortalecida a cada amanhecer.

É importante entender que as escolhas valorizadas aqui são aquelas resultantes de uma “autogestão” e não de uma “autossugestão”. O que se coloca em destaque agora é um processo autorreflexivo, autoconsciencioso com o objetivo de estimular a autopercepção que nos levará a autocorreção e a autotransformação.  À medida que vamos amadurecendo o nosso entendimento sobre o mundo e sobre nós mesmos, novas possibilidades na vida serão descortinadas. Deixaremos de ficar aprisionados aos acontecimentos pretéritos, uma vez que poderemos vislumbrar a nossa reconstrução, ao perceber que a força necessária para isso está dentro de nós.

Nesse sentido, como é importante o nosso autoconhecimento, uma vez que os nossos conflitos interiores são produzidos pelas respostas inadequadas às situações vivenciais. Respostas essas que têm como causas as percepções psicológicas distorcidas da realidade. Tal situação dificulta ou impede o entendimento e a superação dos nossos problemas. Por isso, é fundamental mudar a maneira de perceber a realidade em que vivemos, mas isso só será possível com as devidas reflexões sobre nós mesmos. Entretanto, convém salientar que a forma de pensar, querer e agir depende do nível de nossa maturidade e saúde psicológica e de novos conhecimentos, sendo estes, os gestores das qualidades das nossas realidades psicológicas. Isto é, vivenciamos os efeitos de como pensamos, acreditamos e agimos e dos nossos conhecimentos.

Por isso, o ponto a ser analisado é a lógica cognitivo-vivencial que nos conduz e suas consequências. É ela que dá forma a nossa identidade e a nossa maneira de ser, determinando quais os tipos de interações teremos com o mundo: boas ou ruins. As ruins produzirão em nossa mente certos danos que com o decorrer do tempo, podem até se transformar em códigos vivenciais nocivos. Passaremos, então, a reagir sem refletir sobre as consequências das nossas atitudes e comportamentos. As boas nos permitem evoluir no nosso processo de amadurecimento.

Ao analisá-la, o orientador vivencial terá que detectar o elemento instigador e compreender a lógica que o compõem e o pensamento que o guia. Feito isso, poderá então atuar de forma eficiente sobre o que essa lógica produz na vida do analisado.

A seguir, deverá expor ao analisado, de forma clara e incisiva, a realidade vivida, com suas “consequências” danosas. A finalidade agora não é curar “reações emocionais”, mas entender os elementos instigadores e as suas percepções e interpretações psicológicas que dão vida a lógica conflituosa e aos seus pensamentos. A partir daí, deverá dar início, com a pessoa, a troca do elemento instigador e/ou da sua lógica conflituosa, construindo assim, uma nova maneira de pensar e agir, dando vida a uma nova consciência.

Só assim, ele deixará de ficar aprisionados aos acontecimentos pretéritos, uma vez que poderá vislumbrar a sua reconstrução, ao perceber que a força necessária para isso está dentro de si.

Não podemos esquecer que a análise do conflito psicológico deve ser feita, levando em consideração os aspectos não só cognitivos, mas também os aspectos vivenciais ou psicológicos. Só dessa maneira poderemos observá-lo de uma perspectiva que apreenda a sua totalidade.

É importante ressaltar que a lógica cognitivo-vivencial ou psicológica depois de formada e memorizada, fará parte do nosso arquivo vivencial e mesmo que modifiquemos à nossa maneira de pensar e se construa novas lógicas, jamais conseguiremos apagá-la da memória e a qualquer momento poderemos reativá-la, basta que se tenha motivo para isso. Por isso, sem consciência ativa e reflexiva; sem respeito e autoamor; ninguém conseguirá realizar e manter as mudanças desejadas. Ficar à espera de mudanças, sem participar de modo veemente do processo, é como navegar num rio seco; remaremos, remaremos, mas não sairemos do lugar.

Outro ponto a ser examinado é o da transitoriedade vivencial. É ela que dá flexibilidade as nossas percepções e interpretações psicológicas e suas lógicas, nos permitindo mudar o nosso entendimento num determinado momento, por outros, sem alterar o fato em si, nos possibilitando mudar a nossa relação com os nossos conflitos.

É fato que não podemos mudar o que já foi vivido, mas podemos tirar a sua importância sobre nós, ao alterar a maneira de entender e viver cada dia. É importante ressaltar que são as escolhas feitas no presente que transformam as nossas vidas, nos oferecendo a oportunidade de viver o tempo presente diferente do anterior. Tudo depende de nós. Cada segundo de vida do futuro poderá ou não ser transformado num passado conflituoso.

Para alterar a relação com o passado conflituoso, é indispensável o desejo em realizá-la. Não há como mudar o raciocínio psicológico que guia as atitudes de uma pessoa sem a participação ativa dela. Só a atuação do orientador vivencial não é o bastante para reverter o quadro em que ela se encontra.

Ou seja, ele pode expor a sua compreensão da lógica cognitivo-vivencial e das suas consequências, mas é a pessoa quem dá a palavra final. O orientador vivencial compartilha a tarefa, como o próprio nome diz, orienta, mas quem toma as decisões é a própria pessoa. A atitude passiva diante de um especialista é rejeitada. É vista como um obstáculo para a realização do processo terapêutico. O orientador vivencial, por sua vez, não pode ficar alheio; pelo contrário, deve buscar o diálogo e apresentar sua análise de maneira a instigar a reflexão por parte do analisado.

O que se propõe agora é a valorização do binômio cognição/ vivência, portanto, as reações humanas devem ser vistas como algo lógico e não mais como algo emocional. Em outras palavras, é por meio da emoção que a lógica cognitivo-vivencial se expressa.  O nosso estado emocional apenas informa em qual lógica psicológica estamos vivendo. Enfim, o importante a saber, é que a lógica antecede à emoção e que emoção não produz ação, apenas expressa o sentimento que envolve a lógica. O que a lógica “despertou”. É a lógica que nos motiva, direciona e gera a ação e suas consequências.

Tal entendimento, sem dúvida, dará mais liberdade ao orientador vivencial e ele poderá entender com mais profundidade e imparcialidade as questões psicológicas que afligem a pessoa. Ao mesmo tempo, permitirá que, entre os dois, se estabeleça uma relação mais profícua. Além disso, ele poderá abordar qualquer tema, pessoa, familiares ou amigos, sem nenhuma restrição de ordem emocional, e ainda, sem se prender, necessariamente, a um consultório.

Para realizar bem seu papel, o orientador vivencial precisa ser sincero, verdadeiro. Qualquer disfarce prejudica a sua relação com a pessoa. Ele tem que ser firme e direto em suas ponderações. Precisa usar da perspicácia para realizar uma análise correta dos fatos relatados. Não pode se expressar com meias palavras. E a interação entre os dois, deve conduzi-la ao autoquestionamento. Fazê-la assumir a responsabilidade dos próprios atos e pensamentos; provocar nela uma mudança de atitudes, isto é, retirá-la da posição passiva de vítima. Fazê-la agir, tomar decisões capazes de transformá-la. Isso só será alcançado se o orientador vivencial for perspicaz e verdadeiro, uma vez que também estará sendo observado por ela. Qualquer deslize poderá despertar, nela, certa desconfiança e, inevitavelmente, isso levará o método ao fracasso.

 Há um dito popular que traduz bem a incoerência humana. É o seguinte: “Faça o que digo, mas não faça o que faço”. Um orientador vivencial jamais pode cometer tal erro. Ele não é apenas um mero espectador, mas um personagem que também atua no processo terapêutico. Qualquer incoerência de sua parte arruinará todo o processo. Por isso, cabe ao orientador vivencial o cuidado de vivenciar tudo o que diz. Além de acreditar na eficiência do método de que se utiliza, ele deve praticá-lo em si próprio. E a pessoa precisa perceber isso. Condição essencial para que o relacionamento entre os dois evolua e alcance os efeitos positivos.

 Não é possível negar a influência de outros fatores na dinâmica vivencial. No entanto, quem determina o que deve ser importante em nossas vidas, somos nós mesmos. Somos os únicos responsáveis pela vida que escolhemos; portanto, nos cabe a tarefa de entender e superar o que impede a nossa reconstrução. Ao orientador vivencial, cabe a missão de revelar outros entendimentos para que possamos ter diferentes maneiras de nos ver. E a partir disso, colocar-se de modo diferente no mundo.

Como também, é de extrema importância, conhecer em qual determinismo psicológico as pessoas gerenciam os seus mundos psicológicos, pois assim, lhe permitirá conhecer como elas organizam os seus raciocínios psicológicos, logo, as suas realidades psicológicas e gerenciam os seus conflitos.

Enfim, a terapia não tem em si o poder de mudar ninguém sem a participação dela. Apenas incentiva a perscrutação do mundo interior por ela, para que a sua vida possa ser vista de outros ângulos.

Pontos básicos do Autogerenciamento Vivencial:

  • O mundo psicológico é composto de duas lógicas: a cognitiva e a vivencial. Cada uma delas se mostrará com características e funções próprias; logo, teremos:
  • os aprendizados cognitivos e vivencial
  • as experiências cognitivas e vivencial
  • os erros cognitivos e vivencial
  • Em relação à lógica cognitiva, temos a autossugestão, cujo estímulo é visto como criador e modificador de necessidades. Já em relação à lógica vivencial, temos a autogestão, cujo estímulo tem a função de satisfazer as necessidades vivenciais;
  • A autorreflexão e a autoconsciência consideradas as melhores ferramentas de trabalho;
  • A análise dos conflitos vivenciais, com a valorização dos fatos atuais;
  • O conceito de autogestão
  • O conceito de incompletude psicológica
  • O conceito de impermanência psicológica
  • O conceito de percepção e interpretação psicológica
  • O conceito de multiplicidade psicológica;
  • O conceito de plasticidade vivencial;
  • O conceito de transitoriedade vivencial;
  • A consciência é mutável, flexível, transitória e subjetiva
  • O amor, visto como força e não como sentimento;
  • O autoamor, a maior força autotransformadora;
  • A importância do nosso conhecer e acreditar, já que eles dão forma aos nossos pensamentos, atitudes e comportamentos. Há um determinismo psicológico.
  • Sem consciência ativa e reflexiva e sem respeito e amor a si mesmo, não há como construir raciocínios psicológicos que nos permitam o bem-viver.
  • E assim vai….

Enfim!

O Autogerenciamento Vivencial (AGV) nos orienta, apesar das dificuldades e erros, a nos conhecermos mais intimamente.

Autor: Cláudio de Oliveira Lima – Psicólogo – Idealizador e Especialista do Autogerenciamento Vivencial (AGV) e desenvolvedor de uma Psicologia com uma visão Quântica.