O ATO DE JULGAR NA VISÃO DO AUTOGERENCIAMENTO VIVENCIAL
12 de setembro de 2022Para julgar é preciso criar “padrões de pensamentos”.
O julgar está relacionado a algo que já aconteceu ou foi criado pela nossa imaginação.
Você julga, forma conceitos, emiti parecer, opinião sobre si, sobre algo ou alguém, só ouvindo as suas verdades?
Estamos nesse mundo para criar e compartilhar as nossas verdades e não para impô-las, uma vez que, nem sempre as nossas verdades são verdadeiras em relação ao que acreditamos em analogia a nós, aos outros e a vida.
Há pessoas que têm dificuldade em entender que as suas verdades nem sempre são boas para si e nem para os outros, visto que, podem ser falsificadas, adulteradas de acordo com os interesses delas, influenciadas por seus conflitos, prepotência, teimosia, vaidade etc.
Em razão disso, as nossas verdades não são dogmas, isto é, não são indiscutíveis e validas para todo mundo. Não constituem uma verdade única, absoluta para todos, já que, cada pessoa possui a capacidade de analisar, interpretar e construir as suas próprias verdades, como analisar e interpretar as verdades dos outros.
Embora exerçamos o domínio consciente sobre elas, essa consciência, em alguns momentos, se apresenta deformada por influências de conflitos psicológicos (traumas, decepções, frustrações etc.) ou por manipulações conscientes de cada pessoa, que acabam interferindo tanto nas suas propriedades, como nas suas consequências.
Felizmente, em algumas situações, construímos verdades apropriadas tanto em relação a nós como aos outros. Ufa!
Para que isso aconteça, é preciso, primeiramente, estarmos atento na construção das nossas verdades. Entendê-las dentro do seu contexto, se utilizando da autoconsciência e autorreflexão. Respeitando as verdades dos outros, apesar das suas diferenças, como também, analisando as suas consequências em nossas vidas. Buscando harmonia entre as nossas verdades e suas diferenças.
Caso estejamos fazendo diferente, seremos a primeira vítima da nossa irresponsabilidade vivencial, pois, além de não conseguirmos impor as nossas verdades, criaremos verdades que não correspondem as nossas realidades e nem as dos outros, vivenciando as consequências criadas por elas.
Não há como esquecer que a cada ação, haverá uma reação e que as verdades dos outros, em alguns momentos, também farão parte da ação. Ainda mais! Os outros interpretarão as nossas ações de acordo com as verdades deles e imitirão resposta ao acontecido, baseado no que entenderam. Logo, não há como ignorar as verdades dos outros ao emitirmos as nossas verdades. Elas não têm em si, o poder de pôr si só, ser real nos outros.
Elas são sim, apropriadas para explicarem ou justificarem as nossas ações, as dos outros não. Em alguns momentos, são utilizadas como mecanismo de defesa.
Outro ponto interessante: o nosso poder sobre as nossas verdades só existe até o momento de imiti-las. A partir desse instante, o poder de julgá-la passa a ser dos outros, que o farão de acordo com as suas verdades.
Na verdade, não viemos para julgar e sim para aprender a crescer como pessoas. Como humanos.
Nesse momento surge em minha mente algumas dúvidas:
Por que será que carregamos conosco essa necessidade de julgar e criticar o outro?
Por que será que vivemos olhamos para os erros dos outros esquecendo de olhar os nossos?
Por que será que sentimos necessidade concertar os erros dos outros, mas não concertamos os nossos?
Por que será que achamos que ao julgar os erros dos outros, iremos ensiná-los a mudarem?
Antes de responder é preciso refletir sobre alguns pontos:
- As nossas verdades determinam o que somos psicologicamente, logo, as pessoas e o mundo não são nossos espelhos das nossas verdades.
- Julgar o ocorrido, não o muda, porque ele já é passado. Já foi vivido.
- O passado serve para mostrar o resultado dos atos praticados. A transformação só é possível em um novo presente, onde os fatos podem ser vivenciados de outras formas.
- Só a pessoa possui o poder de se transformar. O máximo que se pode fazer pelo outro é orientá-lo para que não cometa os mesmos erros.
- A nossa imperfeição só nos prejudica, porém, em alguns momentos, reflete nos outros.
- Nós temos o livre arbítrio de querer ou não conviver com a imperfeição do outro.
- Não são as pessoas e as suas diferenças a grande causa dos nossos males e sim, a nossa negligência em relação a nós mesmos.
- Parar de julgarmos os outros de forma negativa, para superar a nossa baixa autoestima, autoaceitação e autoconfiança.
- Todos nós possuímos meios de transcender os estreitos limites das nossas verdades e dessa forma, ter acesso a conhecimentos mais amplos e profundos.
- Para se ter uma melhor interação, cada um de nós deverá desenvolver em si, verdades que agreguem diferenças, pois só assim, poderemos melhor analisar e compreender as atitudes, comportamentos e pensamentos diferentes dos nossos, conseguindo, dessa maneira, compreendermos adequadamente o outro.
- Precisamos repensar o ato de julgar. Nesse caso, é preciso estar atento aos nossos critérios de verdades, pois, ao interagir com o outro, tendo-os como único critério, além delimitar o nosso olhar, irá restringir a nossa capacidade de analisar e compreender as atitudes, comportamentos e pensamentos diferentes dos nossos.
- Nesse mundo das interrelações é importante não esquecer, que as nossas atitudes, comportamentos e pensamentos têm peso na forma que o outro irá reagir a nós.
- Termos a consciência que entre as nossas verdades e a dos outros, existe uma linha tênue de consequências, muitas vezes irreversíveis.
- Não devemos viver a ilusão de que os nossos julgamentos serão sempre corretos.
- Enfim! Quando pensamentos opostos coexistem dentro de nós, sem conflitos, a maturidade psicológica é alcançada.
“A vida é arte do encontro embora haja muitos desencontros”. (VINICIUS DE MORAES)
Autor: Cláudio de Oliveira Lima – Psicólogo – Idealizador e Especialista do Autogerenciamento Vivencial (AGV) e desenvolvedor de uma Psicologia com uma visão Quântica.